Democraticidade e Inovação no ensino – Parte I

Estive este Sábado, no evento "Software Livre nas Escolas", realizado em Setúbal. Fui convidado pelo Ministério da Educação, para participar numa sessão de trabalho com o Paulo Vilela da Sun,  sobre o tema da Interoperabilidade.
O evento esteve muito bem organizado e gostei bastante tanto das sessões plenárias, como das nossas sessões de trabalho (de manhã e à tarde). Como trouxe muitas notas deste evento, vou dividir o artigo em duas partes: esta primeira parte onde vou escrever sobre as sessões plenárias e uma segunda parte onde vou escrever sobre as duas sessões de trabalho.

A sessão plenária, teve duas apresentações que eu gostava de comentar. Uma senhora Australiana de seu nome Kathryn Moyle, que fez uma apresentação titulada "Why Open Source Software in Schools Matters" e Juan Cristóbal Cobo  que falou sobre "Educación libre, universal y de código abierto para la Sociedad del Conocimiento". Na sua base, ambas foram muito semelhantes e interessantes. Falaram das diferentes formas de ensinar/aprender, de conceitos inovadores, do conhecimento codificado e tácito (cada vez mais importante este último), da colaboração, de desenvolver a criatividade entre outros. Muito instrutivo e no geral concordo com as ideias e conceitos.
No entanto, ao longo das duas apresentações, foi constante a referencia a dois aspectos:  que estes novos conceitos só seriam possíveis implementar com software livre e que o software livre contribui para a democratização das tecnologias de informação.
Tenho uma visão diferente relativamente a estes pontos. Primeiro é que os conceitos referidos podem ser implementados/ensinados independentemente do tipo de software que se utiliza. Qualquer tipo de software pode implementar todos os cenários referidos na apresentação. Alguns fazem-no de uma forma melhor outros estão ainda numa fase de maturação.  O software é apenas uma ferramenta que se utiliza para passar conceitos aos alunos.  
O segundo ponto tem a ver com a democratização das Tecnologias de Informação. O software livre e open source vieram dar um contributo importante, principalmente no trabalho inovador com o surgimento e organização de comunidades, mas não foi de todo o responsável pelo democratização das tecnologias de informação. Na minha opinião, o grande responsável por esta democratização foi a Internet. A Internet foi o grande facilitador de acesso e divulgação das Tecnologias de Informação e não só: na música, nos livros, nos filmes, na partilha de informação, entre outros.  Quando muito, o software livre representa mais um concorrente ao software comercial, ao software as a service ou ao software + services.

Em suma, uma boa iniciativa do Ministério da Educação, em dar visibilidade a todos os tipos de software (neste caso foi o software livre), em promover a escolha livre e em promover o debate sobre os diferentes temas.