Notícias do Open XML

O Office Open XML é o formato aberto para documentos usado pelo Microsoft Office 2007, que foi padronizado pela ECMA e que foi submetido para a ISO para homologação como padrão ISO 29500. É um passo importante principalmente (no meu ponto de vista) para aplicações compatíveis ICP-Brasil, que podem agora gerar documentos XML compatíveis Word e assiná-los digitalmente sem que seja necessário ter o Microsoft Office (veja aqui uma aplicação de código aberto para assinatura digital de documentos Open XML, e aqui uma aplicação Linux com JSP e MySQL que gera arquivos OpenXML).

Dentro do processo de padronização da ISO, o formato Open XML foi submetido para análise dos órgãos nacionais de normatização, e recebeu 3500 comentários técnicos para melhoria do padrão (foram pouco mais de 60 da ABNT brasileira). Estes comentários estão sendo analisados e respondidos um a um pela ECMA, e nestas respostas já estão várias propostas de melhoria do formato, entre elas:

¦ Algumas tags XML do Open XML foram incluídas no padrão apenas para compatibilidade com arquivos binários, sem no entanto conter uma descrição clara de como implementá-las corretamente, como por exemplo “AutoSpaceLikeWord95”. O Avi Alkalay da IBM vai ficar contente em saber que a ECMA está propondo documentar totalmente todas estas tags de compatibilidade, e ainda colocá-las em um anexo a parte como um recurso somente a ser usado para a conversão de documentos legados.

¦ Na versão original do Open XML as datas no Excel eram representadas em formato numérico a partir de 01/01/1900, e contém um erro nas datas anteriores a 28/02/1900 que vem desde que este ano foi assumido incorretamente pelo Lotus 1-2-3 como sendo um ano bissexto (veja essa história contada pelo Joel Spolsky). O Deivi Kuhn do Serpro vai certamente ficar satisfeito em saber que o ECMA está propondo usar datas ISO-8601 no OpenXML, o que permite representar datas antes de 1900 e acaba com o erro nos importantes dois primeiros meses de 1900.

¦ A versão submetida a ISO do Open XML utilizava extensivamente a Vector Markup Language (VML), que foi rejeitada pelo W3C como padrão e por isso muitos órgãos nacionais de normatização achavam que não deveria ser usado em um padrão ISO. O exmo dep. Paulo Teixeira vai ficar feliz em saber que o VML não mais será necessário nos documentos Open XML, sendo substituído integralmente pelo DrawingML.

O resultado final do processo de comentários será analisado pelos órgãos de normatização em um Ballot Resolution Meeting (BRM), uma reunião que irá acontecer de 25 a 29 de fevereiro em Genebra. O BRM é uma reunião eminentemente técnica onde os representantes de cada país poderão analisar e discutir as respostas aos comentários, e propor depois aos órgão de normatização qual deverá ser o voto de cada país. Depois disso existe um prazo de 30 dias para este voto ser dado e o padrão ser aprovado ou não.

A delegação do Brasil para o BRM será composta pelo Deivi Kuhn do Serpro, pelo Fernando Gebara da Microsoft (que coordenou o grupo de trabalho técnico na ABNT), e pelo lobista Jomar Silva. É, eu também acho estranho um lobista participar de uma reunião técnica, mas o benefício de ter opiniões diversas na delegação brasileira será de qualquer forma uma boa coisa. Assim como sem dúvida todos os comentários submetidos pelos órgãos nacionais de normatização serviram para tornar o Open XML um padrão muito maior qualidade técnica.

Daqui para frente a próxima data de interesse será 14 de janeiro, quando o ECMA terminará de responder aos restante dos comentários dos órgãos nacionais. Se tudo der certo vamos ter um consenso no BRM em fevereiro e a aprovação do Open XML pela ISO. A ICP-Brasil e a certificação digital no Brasil agradecerão.